O Desafio de Fluir: Sentindo as Novas Economias

Recentemente, passei algum tempo vivendo no Instituto Etno, um lugar que carinhosamente resolvi chamar de Aldeia. Lá, temos um ritual diário: no início de cada manhã coletiva, nos sentamos em roda e compartilhamos como nos sentimos.

O primeiro ponto que destaco aqui é a potência dessa prática. Como um ato tão simples (e ao mesmo tempo nada simples) pode nos conduzir a uma integralidade e a uma sabedoria corporal que, por vezes, parece esquecida. Talvez esse seja um passo essencial para a reexistência do Corpo Território.

O que você acha? Pausar a leitura aqui e se aprofundar nessa reflexão já pode ser o convite deste texto.

Porém, hoje resolvi ir um pouco mais além… me lançar no fluxo livremente, com a compreensão de que os meus sentimentos serão percebidos de forma muito diferente por você. E talvez você ache este texto sem sentido – mas quem disse que ele precisa ter sentido? Talvez ele possa ter apenas motivações. A minha motivação neste momento é compartilhar das minhas experiências, porque, ao mentorar diversas pessoas no processo de transição de uma economia tradicional para as novas economias, percebo que os sentimentos, crenças, dúvidas, vivências, questionamentos e medos são muito semelhantes. Portanto, por que não compartilhar os caminhos, os fluxos já vividos?

Sou uma mineira apaixonada por ‘causos’. Então, prepare-se, porque lá vem história!

Lembro-me de ter escrito um texto quando decidi dar um passo adiante na minha transição de carreira, deixando o mercado tradicional para abraçar, com mais firmeza, as novas economias. Se você quiser ler esse texto escrito na época, clique aqui.

No momento em que escrevi esse texto, enfrentava uma dor profunda e um certo pânico que tomavam conta do meu corpo mineiro, como se o ‘trem’ se transformasse em um trem da morte. Era difícil entender a cultura que desmoronava: a morte dos rios, das vidas e de uma economia que já nasceu fadada ao fracasso, mas que ainda persiste. Ao me libertar, sem mais enxergar sentido nessa economia tradicional, eu me perguntava: que novos mundos poderiam surgir a partir disso? A partir do rompimento das barragens? Era um grito de CHEGA! Considerando que já estávamos no ápice da cegueira. Ao reler esse texto hoje, continuo acreditando que as polaridades levam a mais rompimentos e que o que precisamos é de integralidade. Nesse sentido, retorno à potência dos sentimentos e ao reconhecimento de onde estamos nessa caminhada. Acredito também, que a cegueira ainda não chegou ao seu ápice e que teremos que seguir por novos caminhos sem sequer conseguir visualizá-los.

Tornando ainda mais importante, a percepção de nossos corpos territórios e a ampliação dos níveis de consciência, de sentidos e a auto compreensão. Portanto, podemos voltar a ferramento do: Como me sinto hoje?

Sinto que estou novamente na margem do rio, analisando qual é o caminho, planejando a construção de novas pontes, a harmonia e o viver de novos mundos. Reconheço que os rios já não possuem mais seus fluxos e movimentos dinâmicos de forma natural. O desequilíbrio sistêmico, causado por nossas diversas intervenções, só se agrava. Após anos trabalhando com novas economias, já desci por diversos rios e seus afluentes, tentando reconhecer os mais variados caminhos. No entanto, poucas vezes o caminho me levou com fluidez até o mar. Por quê? Pelo assoreamento, pelas barragens construídas, pelos rios tamponados para a passagem de carros, pela seca e pela poluição que hoje imperam. Portanto, não tem como fluir nessas novas economias, acreditando que irá encontrar e se conectar com uma natureza fluida! Muitos desses movimentos e dessas obstruções nos fazem voltar, reavaliar, encontrar novos olhares. Mas retornar exige e demanda energia: nadar contra a correnteza, voltar (ou chegar novamente, uma vez que não será o mesmo rio, nem a mesma margem, nem a mesma nadadora), a energia da resistência ou da reexistência.

Esse sentir me remete ao famoso gráfico dos três horizontes descrito no livro Design de Culturas Regenerativas de Daniel Christian Wahl. Caso ainda não conheça este gráfico ou este conceito acesse um breve relato aqui.

Portanto, hoje eu sei e sinto que a transição para as novas economias é muito mais do que uma simples mudança de carreira; ela exige uma transformação integral da vida. É um resgate da própria existência ou a construção de novas formas de estar no mundo. Muitas formas são possíveis, mas é preciso confiar e se entregar a esse fluxo de experimentações e construções, tanto singulares quanto plurais.

Sinto, hoje, que o convite é para a construção não só de novas economias, mas de micropolíticas, hábitos, presenças, movimentos colaborativos, métricas e formas de viver que vão além da dinâmica financeira e da produtividade. Uma vida REGENERATIVA. É um convite para a ação locais e globais, uma construção de novas formas de “produção” e de negócios de valor, pautados em uma cultura de BEM VIVER, do Bem Comum.

Encerro com as palavras do Alberto Acosta, em seu livro: O Bem Viver: uma oportunidade de imaginar outros mundos

Quer se aprofundar nessas temáticas ou fazer parte de uma comunidade interessada em saber como você se sente? Então, venha conhecer a Comunidade da Plataforma Caleidoscópio. Para mim, esse lugar representa um espaço de confiança e acolhimento, onde posso ser eu mesma, me arriscar a construir e experimentar novos formatos de mim, sem julgamentos.

Assim me sinto hoje! E você como se sente?

Te espero para uma conversa:

E caso queira saber mais sobre o Instituto Etno acesse: www.institutoetno.com.br ou assita ao vídeo abaixo:

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